Bilionário Chinês Expande para o Setor Entregas de Alimentos, Mesmo com Perdas
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Richard Liu, 51 anos, bilionário fundador e presidente do conselho da JD.com., uma das maiores empresas de comércio eletrônico da China, defendeu sua decisão de expandir para o altamente competitivo mercado de entrega de alimentos do país e assumir pesadas perdas, referindo-se a um “período perdido de cinco anos” para sua empresa.
“Infelizmente, não houve nada de novo vindo da JD.com nos últimos cinco anos”, disse o bilionário. “Francamente, é um período perdido. Esse período foi o menos inovador, sem progresso e crescimento, e o mais sem destaque de toda a minha jornada empreendedora”, disse Liu, cuja fortuna é estimada em US$ 6,3 bilhões (R$ 34,2 bilhões na cotação atual), baseada principalmente em sua participação acionária na empresa.
Liu renunciou ao cargo de CEO da JD.com em 2022, em meio a uma repressão do governo ao setor de internet do país, que incluiu a suspensão, em 2020, da oferta pública inicial de ações de US$ 35 bilhões (R$ 190 bilhões) da gigante de tecnologia financeira Ant Group.
Ao longo dos anos, a JD.com perdeu participação de mercado para concorrentes que eram pequenos e que se tornaram grandes, como a PDD Holdings é um conglomerado multinacional de comércio eletrônico com sede em Dublin, Irlanda, listada na Nasdaq. Seu fundador, Colin Huang, acumulou uma fortuna de US$ 36,1 bilhões (R$ 196 bilhões), à medida que sua plataforma de compras passou a oferecer grandes descontos para consumidores chineses cada vez mais econômicos.
A empresa passou por reorganizações na gestão, incluindo a surpreendente saída de seu CEO anterior, Xu Lei, que foi substituído pela executiva Sandy Xu, uma das principais auxiliares do bilionário. Segundo o Securities Times, jornal financeiro estatal chinês, Liu voltou a se envolver fortemente na gestão no fim de 2023, como presidente do conselho.
Para encontrar novas fontes de receita, o executivo decidiu expandir para o setor de entrega de alimentos. O JD Takeaway foi lançado oficialmente em fevereiro deste ano. A empresa prometeu investir 10 bilhões de yuans (US$ 1,4 bilhão ou R$ 7,6 bilhões) ao longo de um ano em subsídios aos clientes para competir com rivais mais consolidados, como a Meituan, uma maiores plataformas de serviços sob demanda da China, com forte atuação no mercado de entrega de comida, listada em Hong Kong, e a Ele.me, atualmente controlada pelo Alibaba Group.
Em uma ação de marketing, Liu vestiu um uniforme de entregador em abril e andou de bicicleta elétrica por Pequim para entregar pedidos de refeições. O bilionário acreditava que o negócio de entrega de alimentos poderia ajudar a JD.com a recrutar mais entregadores, fortalecer suas capacidades de cadeia de suprimentos e, por consequência, impulsionar o uso do principal aplicativo de comércio eletrônico da empresa, segundo o Securities Times.
Nos poucos meses desde seu lançamento, a JD.com conquistou 7,5% do mercado de entrega de alimentos da China, após o número diário de pedidos de refeições ter chegado a 20 milhões em 13 de maio, conforme a pesquisa de 14 de maio da Blue Lotus Capital Advisors, empresa de consultoria financeira e gestão de investimentos no setor de tecnologia da China. Mas esse progresso não conseguiu impressionar os investidores, que estão preocupados com uma crescente guerra de preços que vem reduzindo as margens de lucro.
As ações da JD.com listadas em Hong Kong caíram 2,2% neste ano, enquanto o índice de ações da Bolsa de Valores de Hong Kong, o Hang Seng, avançou mais de 20% no acumulado do ano. Em maio, reguladores chineses convocaram representantes das principais empresas de entrega de alimentos, incluindo Ele.me, JD.com e Meituan, para pedir práticas justas em meio à guerra de subsídios.
Liu afirmou que vai continuar com a incursão na entrega de alimentos, de acordo com o Securities Times. A JD.com vai acumular perdas de 12 bilhões de yuans (US$ 1,7 bilhão ou R$ 65 bilhões) relacionadas à entrega de alimentos em 2025, segundo a Blue Lotus Capital Advisors. A consultoria projeta que a companhia pode conquistar 10% do mercado chinês de entrega de alimentos até 2030, após acumular perdas totais de 46 bilhões de yuans (US$ 6,4 bilhões ou R$ 249 bilhões).
Nos primeiros três meses deste ano, último período com resultados financeiros disponíveis, a receita da JD.com aumentou 16% em relação ao ano anterior, alcançando 301,1 bilhões de yuans (US$ 42,7 bilhões ou R$ 231 bilhões). O lucro líquido atribuído aos acionistas foi de 10,9 bilhões de yuans (US$ 1,5 bilhão; R$ 59 bilhões), alta de 50% na comparação anual, à medida que a empresa se beneficiou do programa nacional de estímulo ao consumo na China, que subsidiou compras de produtos selecionados, como eletrodomésticos.
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